Por que o sêmen não é solúvel em água?

O primeiro aspecto que responde à isso é que a fecundação dos seres humanos não é externa, não sendo feita em um meio aquoso qual ocorre nos peixes e crustáceos, por exemplo.

Um outro detalhe que vale salientar sobre a reprodução humana é que a porção interna da genitália feminina não é preenchida de água, pois que constitui diferentes epitélios secretivos, desde o canal vaginal, o cérvix uterino e as tubas (Trompas de Falópio), na qual temos uma secreção mais ou menos viscosa dependendo da fase da mulher — note que constitui o peculiar corrimento que passa a ser produzido na puberdade e que segue um fluxo de externalização, donde os espermatzóides tentam seguir num contra fluxo.

E é nisto que evolutivamente o sêmen/esperma humano precisa se miscibilizar para possibilitar o trânsito dos espermatozóides até o ovócito (se torna óvulo quando o espermatozóide lhe penetra).

Um comparativo dos espermatozóides de humanos (em cima) ante os de lagostas (embaixo), nos elucidam muito sobre as aspectos reprodutivos que dizem respeito ao questionamento levantado aqui. Enquanto nos modelos humanos temos apenas um flagelo para com células que são lançadas dentro do organismo feminino (na genitália precisamente), nos modelos dos crustáceos eles ostentam pelo menos 3 flagelos e isso é necessário ante o fato de que são lançados na água aonde está a fêmea com os ovos a serem fetilizados. Isso, junto com os demais aspectos dos sêmens, justifica a maior ou menor solubilidade em um meio aquoso.

Na composição do sêmen humano podemos encontrar um mix de diferentes glândulas (Cowper, Littre e Próstata), além do material espermático propriamente, de forma que podemos resumir da seguinte forma:

  • Citrato e outros tampões fisiológicos (bicarbonato)
  • íons metálicos (Cobre, Cálcio, Zinco, Ferro, Titânio, Níquel, Magnésio, Sódio, Potássio)
  • Íons não metálicos (Enxofre, Fósforo, Cloro, Bromo)
  • Monosacarídeos (Frutose e Glicose)
  • Proteínas (incluindo enzimas)
  • Fosfolipídeos
  • Lipídeos (derivados do Ácido Eicosapentanóico, Ácido Docohexanóico, Ácido Linoleico, etc)
  • Ácidos Orgânicos (Ácido Láctico, Ácido Siálico, Ácido Ascórbico)
  • Colina
  • Creatinina
  • Piruvato
  • Uréia

Há de se notar que a composição oscila por conta de diferentes fatores relacionados ao sexo masculino, desde aspectos hormonais aos da alimentação e até mesmo para com a idade. Isso também se expressa na realogia do sêmen/esperma, ou seja, na viscosidade deste fluido reprodutivo e que já se sabe os casos de maior viscosidade ser um nítido fator interferente à fertilidade masculina.

Embora o sêmen/esperma seja um fluido viscoso, seu volume ejaculado pode chegar a 5ml e as porções são carreadas, em média, de 200 a 300 milhões de espermatozóides, sendo que tais cifras são consideradas mais baixas que a de primatas hominídeos por conta da monogamia que os humanos desenvolveram.

Se alguém desejar saber mais detalhes científicos sobre a composição e outras propriedades do sêmen humano, eu indico a leitura dos artigos a seguir:

A Review of the Physical and Chemical Properties of Human Semen and the Formulation of a Semen Simulant, Journal of Andrology (2005); volume 16, issue 4, DOI:

https://doi.org/10.2164/jandrol.04104

Current knowledge of the human sperm proteome, Expert Review of Proteomics (2013); Volume 10, Issue 6, DOI:

Veja também: O que acontece com alguém que não come uma grande variedade de alimentos?

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